sábado, 30 de maio de 2009

52 e a decrescer. A contagem diminui minuto a minuto e no entanto parecem minutos do tamanho de horas. Uma ilusão fruto da impaciência, do aborrecimento.

49 e as conversas passam ao lado. Os meus colegas de trabalho, comentam as novelas do dia anterior e os vestidos dos Globos de Ouro, não têm nada a ver comigo e não têm a menor ideia do que é que eu gosto, apenas me acham estranha, elitista, armada em intelectual. Não percebem porque é que eu leio de tudo, porque é que gosto de cinema, porque é que eu vou ao teatro, porque é que eu sei um pouco de tudo e quando não sei, chego no dia seguinte com a explicação. Acham estranhos os livros que leio, pedem-nos emprestados e devolvem-nos, dizendo que não passaram da décima página e eu, eu que os li num fôlego, sinto-me uma alienígena.

39 e nada de interessante se passou, nada de interessante foi dito, nada de interessante foi feito. Quando explico que preciso de outro emprego, todos acham que devo dar graças a Deus por já ter um e eu concordo, concordo com aquela mágoa dentro do peito que me leva a repensar os meus passos, a revalidar os meus gostos, as minhas prioridades.

25 e alguns colegas começam  sair. Que saiam, que nada me dizem. Digo “Até amanhã!”, como se dissesse: “Não se esqueçam do Pão!”, ou outra coisa qualquer.  Amanhã voltarão com as suas vidas iguais, padronizadas, horizontes limitados e eu penso, mais uma vez, em como os meus sonhos, os meus horizontes alargados, são uma prisão, um martírio.

18 e a ansiedade de sair dali, de poder ler, escrever, exercitar o raciocínio, dar trabalho às células cinzentas, acordá-las da letargia que o meu emprego representa, torna-se insuportável.

5 minutos para sair e começo a preparar as coisas. Bem podia começar a prepará-las assim que entro, porque as horas que passo naquele escritório, equivalem a uma morte prematura… pelo menos a uma morte cerebral.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

img.php Frustrado e cansado de tudo aquilo, ele ata-lhe as mãos, mas de nada lhe serve. Ela continua a surpreendê-lo e a fugir-lhe. Depressa se livra dos nós apressados. Uma imagem de enguia vem-lhe à cabeça, mas ele não se quer distrair, ele realmente a deseja e esbofeteia-a. Sente-se tão infeliz que acaba por descarregar toda a sua frustração, no rosto daquela jovem e só pára, quando se apercebe que ela mal consegue respirar e sente, como um gesto de derrota, a sua mão macia, acariciar-lhe o rosto áspero, da barba por fazer.

- Jack! – chama, com as poucas forças que lhe restam.

Ele tinha falhado. Ela podia ser facilmente dele, mas ele agora não a queria. Seria fácil demais, ela está quase inconsciente. Levanta-se e aperta as calças. Tapa-a com um saco cama. Acende um outro cigarro, apaga os candeeiros e deita-se na outra cama. Quem seria o Jack? O namorado dela? Não era esse o nome de que ele se recordava.

Ela apenas consegue ver a ponta avermelhada do seu cigarro. Ela recupera o fôlego. Não sabe porquê, mas sente-se culpada pela comiseração daquele homem. Sente a sua respiração, tenta adormecer, mas não consegue. Quase que aposta que ele está a chorar, sente o seu corpo estremecer de frio, mas ele permanece imóvel, barriga para cima, a acender cigarros, uns atrás dos outros. Levanta-se. Os seus olhos já se habituaram à semi-escuridão daquele lugar. Ele sente-a, mas não se importa. Ela retira um cobertor de uma das mochilas. Vai ter com ele, lentamente, sem barulho. O seu corpo dói-lhe, mas ela está habituada.

Ela tapa-o e aconchega-o. A sua ideia era voltar de novo para a sua cama, mas o cheiro dele atrai-a por demais. Senta-se no chão e pousa a sua cabeça no seu peito. Ela quer sentir a sua respiração. Ele não percebe o que se passa, mas gosta de a sentir. Ela não resiste e acaba por lhe beijar o peito. Ele não se mexe. Ela explora com as suas pequenas mãos, os seus volumosos músculos, acariciando-o ternamente. Algo os tinha unido e eles não o sabiam, ainda. A respiração dele torna-se mais pesada, mais ruidosa e rápida, mas ela não afasta a face do seu peito. Ela gosta de o ouvir respirar, é-lhe reconfortante, mas ele quer mais. Apaga o cigarro e agarra-lhe na mão. Ela assusta-se, mas não se move. Ambos aguardam um momento. Um pequeno impasse entre amantes. Era isso que eles eram por fim, mesmo que nenhum deles o quisesse admitir. Ele ensina-a o que deve fazer, guia aquela pequena mão para um local mais íntimo e privado, ao qual ela nunca se atreveria a tocar. Ela não se repugna com a ideia e ele ajuda-a, num gesto cadenciado e lento, a dar a si próprio, um pouco de prazer.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Arena - João Salaviza - Cannes

Dizer que a vida é um palco, ou uma arena, é uma metáfora tão trivial, que para nós escritores, usá-la, deixa-nos sempre um gosto amargo nos dedos. No entanto, a verdade escondida por trás dessas corriqueiras palavras, é demasiado pungente, para que possa ser ignorada. Desta forma, expressões como “Actor Principal”, Nova Personagem”, ou “Guião de Vida”, são usadas de ânimo leve, pela maioria, na explicação de coisas diárias, na descrição das nossas vidas.

Portanto todos concordamos que, a vida é um palco, nós somos os actores principais, os outros são personagens secundários, onde vivemos é o cenário e o que vivemos é o guião. Ora, não demoraria muito para que os realizadores percebessem que pouco mais seria necessário para realizar um filme com que todos se pudessem, facilmente, identificar. Apenas precisavam, tal qual um fotógrafo, escolher um ângulo, a lente e o enquadramento com mais interesse, para que a vida comum, a simples realidade, se tornasse pura arte. O realizador Fernando Meirelles (brasileiro), já o havia feito com a “Cidade de Deus”, o britânico Danny Boyle, fê-lo o ano passado com o “Slumdog Milionaire” e o mexicano Alejandro Gonzélez Iñarritu, mostrou a arbitrariedade das acções e das consequências a nível global das mesmas, no “Babel”. Cada um deles tirou a fotografia que achou mais interessante e criou uma obra de arte, com a pura e simples realidade do quotidiano. E foram fotografias dignas de todos os prémios que receberam!

Chegou, finalmente, a hora de um cineasta português descobrir aquilo que há uma década para cá, se tornou vulgar, mas o génio, a grande visão estética e a escolha acertada da metáfora por trás da linguagem comum e da imagem crua, faz com que o João Salaviza, mereça todos os prémios que quiserem atribuir ao seu filme “Arena”.

Para mim o que está por trás do rapaz em prisão domiciliária é muito mais do que a crítica à descriminação de oportunidades num estado democrático. Para mim, todos os habitantes daquele, como de qualquer outro bairro do Mundo, estão presos na Arena da vida que conhecemos e poucos são os capazes de lutar, tal qual gladiador campeão na antiga Roma, contra todas as probabilidades e obter a verdadeira liberdade; aquela que está acima de tudo o que é esperado e que apenas encontramos dentro de cada um de nós. Arrancar isso das entranhas, escondido por baixo de tanta treta esculpida pela sociedade nos últimos séculos, exteriorizá-lo e materializá-lo, é a verdadeira liberdade, a derradeira libertação do espírito.

Parabéns João Salaviza,!

terça-feira, 26 de maio de 2009

O que haverá na imagem de um Vampiro que me fascine tanto, bem com a uma boa parte da população Mundial?! Basta ver os resultados de bilheteira do Blade, do Entrevista com um Vampiro, Underworld, Crepúsculo, Drácula, ou então do sucesso das séries televisivas Buffy, Moonlight, Angel, True Blood… Já para não falar da literatura.Angel Poster

 

Será o facto de eles serem seres mais ligados aos seus instintos, ao seu lado animal, o facto de serem quase imortais, por serem um género de máquina do  tempo, por serem seres torturados  em constante batalha interna, por invariavelmente se apaixonarem por humanos, por poderem fazer o que querem?!

Na realidade sempre que tenho que explicar um vampiro, não consigo evitar associar a imagem a uma sanguessuga, mas depois penso em todas as minhas recordações sobre o assunto e não consigo evitar fascinar-me de novo. Deixar-me seduzir, tentar compreender e sobretudo, dar um pouco de colinho a uma destas criaturas.

Têm sempre um aspecto tão desesperado.

domingo, 24 de maio de 2009

Num fim de tarde, onde o cinzento do céu predominava, um grupo de amigos achou que a cozinha era o local ideal para pôr a conversa em dia. Eu pertenço a esse “grupinho maluco”. E conversa vai, conversa vem sobre pensamentos, ideias, blogs e escritas, eu tive a brilhante ideia (ou talvez não) de sugerir o “convidado do mês” para o blog de uma amiga. Ora após iluminada ideia diz-me ela assim: “Boa! Tu és a primeira convidada!”

Ups! Engoli em seco. Tinha a responsabilidade de escrever algo para alguém que não considero menos que uma grande escritora nata… Seria como passar num exame em que ela era a grande mestre da matéria em questão.

Admito. Gosto de escrever, escrever aquilo que sinto, aquilo que gosto, aquilo por que estou a passar no momento, aquilo que me vem à cabeça… mas para mim, para o meu diário… Não para qualquer cibernauta que faça um “clique” nesta página.

Não sei se a escolha da primeira convidada foi a melhor, contudo sei e tenho a certeza que esta nova rúbrica vai ser um sucesso!

A ti, não tenho mais nada a dizer do que OBRIGADO! :) Obrigado por fazer parte da tua vida, por me deixares partilhar muitos e divertidos momentos contigo, por me dares atenção, valor, carinho, puxões de orelhas e, principalmente, por me dares a grande honra de ser a primeira! Sinto-me lisonjeada! Amo-te muito!

Ass.  Jo

 

 

(Este passou a ser um espaço mensal, onde um amigo escreverá um texto e eu colocarei aqui. A ideia foi da autora do texto acima: a minha grande e querida amiga Joana.)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

 peugeot-307-cc-f3 Um Peugeot 307 CC. Simplesmente adoro este carro. Agarraria nele durante o Verão, capota para baixo e ia de mochila na mala, numa aventura pelo Sul da Europa.

O.K.! Foram duas coisas, mas quem está a contar?!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Não quero acusar ou defender ninguém e antes de continuar com esta mensagem tenho que confidenciar, que tenho evitado ouvir noticiários nos últimos dias e até lido jornais, simplesmente porque já não aguento com tanta incompetência e ineficácia, tanto dos jornalistas, como do governo, como do Mundo, como de mim, que me sinto impotente para fazer seja o que for para mudar o rumo das coisas. Mas acontece que quando se sai todos os dias para trabalhar e todos os dias se abre a internet, não ser bombardeada com a notícia do momento é impossível e foi o que aconteceu esta manhã.

Li esta notícia linkada por um outro blog (aqui), e antes de ter ouvido a gravação, o primeiro pensamento, foi:

“É impossível distanciar a História do sexo. O sexo esteve e está presente em todos os grandes acontecimentos históricos. As orgias sexuais, faziam parte integrante da cultura de todas as sociedades pré-cristãs (gregos, romanos, egípcios, otomanos e até pré-históricas), pelo que não vejo como podem suspender uma mulher por ter abordado o assunto durante uma aula de História. As “crianças” aos 15 anos já não são inocente e têm obrigação de saber o que é o sexo, como se faz e o que se faz com o mesmo (é claro que ninguém aos 15 anos é criança e tratá-las como tal, resulta de uma infantilização que apenas favorece os adultos que se tornam mais válidos na sociedade com o retardar da independência dos jovens).”

Infelizmente, o meu pensamento teve que ficar por aqui, pois o que se passou naquela sala não foi nada do que estava a imaginar e a prepotência, a ignorância, a ineficiência e a simples inexistência de qualquer resquício de um professor de qualidade naquela senhora, é simplesmente atroz. É pena que a maioria dos professores de hoje, sejam incapazes de introduzir o sexo como um tema natural nas suas aulas, que seja incapazes de manter uma conversação casual sobre o assunto e que se reduzam a isto. Desta forma o sexo continuará a ser visto pelos pais e pela sociedade como um tabu, um monstro, do qual se tem que avisar às crianças para fugirem, denunciarem e queimarem na fogueira.

Sinto-me triste, desolada e durante mais algum tempo, vou voltar a introduzir a minha cabeça no buraco, como uma avestruz.

sábado, 16 de maio de 2009

NiSnx9fdxenn8u2tR5M83RUzo1_400 A tensão subia, o tempo alongava-se e distendia-se para dar lugar a mais tempo e todos os movimentos  tornavam-se perpétuos.

O meu corpo sentia mil e um estímulos e tremia enquanto sucumbia ao prazer carnal.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

conversa-de-bar Amigo - Olha lá! Quando é que arranjas alguém?! Já vai sendo tempo! Acho que já chega de carpir.

Eu – Quando for altura acontece! – O meu amigo sorri complacente com a minha teimosia e beija-me a face, enquanto serve um pouco mais de Murganheira, nos flutes, e os Vira-Lata, continuam a tocar.

Amigo – E como é que saberás que chegou a hora? – olhei-o, sem perceber a razão de tanta insistência naquele assunto.

Eu – Sei lá! – Bebo o copo de uma só vez. Aquele assunto deixa-me sempre com sede. – Acho que saberei! – Ele atesta o copo com um sorriso parvo.

Amigo – Isso parece-me algo demasiado ambíguo, mesmo para ti! – Ri! Eu, no entanto,  apenas desejava continuar a ouvir a banda, sem mais palavras que não as das letras das músicas.

Eu – Como é que sabemos que temos que nascer?! – Balbuciei, sem grande esperança de que ele viesse a compreender algo que apenas atirei para o ar, de forma a terminar com a conversa. Ele encolheu os ombros e bebeu o espumante fresco enquanto digeria o que eu havia dito.

Amigo – Nesse dia nascerás de novo! – Constata com o copo na mão e o olhar perdido no palco.

Eu – Quem sabe! – Rio-me por não ter, minimamente, mais nada a dizer.

terça-feira, 12 de maio de 2009

25622Uma amiga muito querida, andava feliz há dois anos, a viver com quem ela pensava ser a sua cara-metade, quando de repente e do nada, o rapaz chega uma noite a casa e depois do jantar preparado por ela, diz:

- Não estou preparado para uma relação séria. Sabes que eu vejo em ti uma amiga muito especial, uma grande amiga. Acho que esta nossa predisposição para vivermos juntos assim tão bem, deve vir de uma relação Kármica, passada, onde tu deves ter sido minha mãe. Mas sabes, tal como em todas as relações entre mães e filhos, está na hora de eu sair de casa e de tu me deixares ir.

Não admira que a minha amiga não se consiga encontrar depois deste duro golpe.  Reencontrar o seu Eu, o seu amor próprio, a sua auto-estima e não admira (por mais absurdo que eu ache) que ela tenha tentado acabar com tudo. Talvez tenha sido a sua forma tortuosa de gritar que queria começar do zero, esquecer todo o passado, olvidar todo o Karma (como começo a odiar esta palavra).

É que em meia dúzia de baboseiras romantizadas, aquele espécime de energúmeno, reduziu-a a uma presença fantasmagórica, a uma alma transviada, perdida no tempo e agarrada, aprisionada, agrilhoada a uma existência onde é obrigada a viver, vezes sem conta, as mesmas relações, a ser mãe sem nunca ter parido, a ser amiga quando queria ser amante, a ser nada quando queria ser tudo.

Mas amor, tudo isso não interessa, eles não interessam. Tu não és menos mulher apenas porque os homens vivem, eternamente, num complexo freudiano, onde Édipo e o Peter Pan, são os modelos a seguir. Tu não és menos mulher, simplesmente porque esse “bife” idiota ainda não era o homem certo para ti!

Tu és linda, inteligente, divertida, emotiva, cheia de salero latino e não existe nada no Mundo que mereça a tua vida e nada que apague a tua ausência.

Por favor acorda! Volta para ti. Volta para junto daqueles que te amam incondicionalmente: a tua família, os teus amigos.

Eu aguardo-te com os meus dois braços abertos!

 

 

P.S.:  Darren, meu querido! Podes ter os cinturões negros todos que quiseres, mas se eu te apanhar em Portugal, ou noutro local qualquer, podes ter a certeza que te enfio a relação Kármica, por um certo orifício.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

beijo20na20praia1nv Estão ambos à mesma distância daquele objecto frio e cortante. Ambos correm para ele, mas ele é maior e pega primeiro, aquilo que nunca devia ter abandonado.

- É isto que queres? – diz, enquanto segura a faca, em frente dos seus lindos olhos. – Tu eras capaz de a usar, não eras? – ela retrai-se e ele perde toda a paciência que ainda lhe restava.

O que antes lhe parecia ser um ponto contra, é agora um ponto a favor. Ele gostou de saber por fim, das capacidades da sua presa. Era quase uma luta entre iguais e isso excitava-o. Agarrou no pescoço dela e levou-a até à cama. Atira-a, de novo, para cima dela e ela volta a bater com a cabeça, na estrutura metálica daquele leito. Ele afasta-lhe as pernas e ajoelha-se no meio. Passeia a faca por aquela pele tão macia e imaculada. Ela aterroriza-se.

Será que ela tinha sido traída pelas suas acções? Será que seria aquilo o seu fim? O seu corpo treme, está cansada, quer dormir, quer o aconchego da sua cama, dos seus lençóis, não se reconhece a si própria, não resiste, mas ele, controlado pelo seu orgulho ferido, encosta a faca àquele pescoço e morde-lhe o ombro esquerdo até fazer sangue. Gosta do sabor dela.

Definitivamente, ele já não está em si, alcançou um patamar de volúpia que desconhecia. Guarda a faca, no local certo. Já não precisa dela e desaperta as calças. Finalmente, aquela pureza que tanto o tem atraído durante toda a noite vai ser dele e ele congratula-se com isso. Ela olha-o profundamente, repara como os seus olhos têm a cor da copa das árvores, e quase que se entrega enfeitiçada, mas não consegue. Pouco antes daquela angústia toda terminar, ela resiste e foge para cima, tal como a água que escapa pelos nossos dedos quando a tentamos agarrar.

sábado, 9 de maio de 2009

Abrir uma Livraria/Antiquário/Café-concerto, bem no meio da linda, exótica e misteriosa, Serra de Sintra. Talvez o estabelecimento pudesse vir com um fantasma como extra.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os caça Plágios

Ao ler um artigo do Sábado (aqui) fiquei a remoer um pouco sobre a realidade das pessoas como o Sr. Luís Rainha, que se dão ao trabalho de fazerem esta caça às bruxas, ou melhor dizendo, aos textos fantasmas, ou melhor, ao plagiadores.

Não é que o trabalho deles não seja útil, porque é! O plágio apesar de ser uma forma de elogio para alguns, é também uma forma de utilizar o valor dos outros em nossa prol. No entanto fico sempre com aquela dúvida se por acaso, estas pessoas não fazem este género de caça, simplesmente, porque na impossibilidade moral de plagiar e na total ausência de génio e inspiração, não se refugiam neste tipo de acção, como forma de satisfazerem o ego e terem algo para dizer e escrever?!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

4453046-lgAo ler uma mensagem de um blog que já não existe, num blog que sigo, fiquei com vontade de dissecar esta dicotomia do ser humano, ou pelo menos, em mim. Sobretudo depois de ter respondido a um comentário aqui no meu blog hoje.

Depois de ter pensado melhor, de ter passado em revista os meus actos e atitudes perante a vida, nos últimos anos, cheguei à conclusão que  recuso-me a criar expectativas, mesmo quando estou encantada por algo. E porquê?! Porque desta forma, evito o desencantamento, arriscando apenas o desinteresse.

Creio que são formas de se estar na vida, no palco, no mundo, com os outros. A verdade é que cada um procura a felicidade da forma como a vê e, como tal, actua de acordo com essa visão. Se para alguém algo de positivo é sempre seguido de algo negativo, também vê na felicidade algo com prazo de validade e que, inevitavelmente, acabará com o inverso, ou seja, se se encanta, também se desencantará. Eu não o vejo assim. Não vejo obrigatoriedade neste jogo de contrários, de antagonismos. Acho que viver no intermédio, sabendo que as coisas podem não ser eternas, mas que enquanto duram, são verdadeiras e que ficarão agarradas em nós para sempre, é uma boa forma de se estar.

Não creio, no entanto, que isso seja reflexo da busca pela felicidade, até porque na realidade, nos dias que correm estamos mais preocupados em sobreviver do que em viver, ou procurar seja o que for, pois não há tempo. A felicidade, e/ou infelicidade, é assim, consequência directa dos actos aleatórios. É um reflexo da experiência, que tal como as nossas, é muito própria e apenas para nós faz sentido.

Assim, ao contrário do que o bloguista Piloto disse, eu não tenho pena de ninguém, pois se continuam a tentar, é sinal que ainda vivem e que lutam por algo que se venha a assemelhar à felicidade, ou ao encantamento perpétuo, mesmo quando este não é a causa maior das suas vidas e apenas sua consequência.

Fará isto algum sentido?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

espelho

Como posso eu almejar ser amada, se sou a primeira a odiar-me?!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nunca pensei vir a utilizar as palavras “Excelente trabalho jornalístico” e TVI, na mesma frase, mas eis se não quando, aqui estou eu a fazê-lo.

Ontem à noite, pude ver a melhor reportagem que vi nos últimos anos, na televisão portuguesa e sim, foi passada na TVI. Houve pesquisa, recolha de dados, havia um objectivo e respondeu-se a todas as perguntas base do jornalismo: Quem, Como, Quando, Onde e Porquê?

O tema foi o novo/antigo ódio de estimação da Estação de Queluz de Baixo, o nosso pouco ilustre Primeiro Ministro e, por associação de ideias e com algum esforço de memória, cheguei à conclusão que as televisões de hoje, só prestam verdadeiro serviço público, quando se carrega nos botões certos. Deve ser um problema, ou consequência das novas tecnologias: com tanto botão para carregar e menus tão variados, torna-se complicado acertar.

No entanto, é complicado apenas para nós, meros mortais, porque para o Sr. Sócrates (porque ainda não estou convencida que seja Engenheiro e por uma questão de respeito por todos aqueles que fizeram o curso como deve ser), a coisa foi simples e rápida como o totoloto. O Sr. Primeiro Ministro, farto do jornalismo da tanga e cheio de lugares comuns do José Alberto Carvalho e Judite de Sousa da RTP1, decidiu que estava na altura de ver os jornalista fazerem o seu trabalho como deve ser e disse, na entrevista dada ao canal do estado:

"O noticiário da TVI à sexta-feira não é um telejornal, é uma caça ao homem, é um jornal transvestido."

Foi o botão certo e o resultado, o que se viu ontem à noite depois do telejornal.

Obrigada Sr. Sócrates. Eu já havia perdido a esperança no jornalismo nacional e você mostrou a todo o país, que eu estava errada.

Obrigada!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

quarto-cor-verdeEla olhou para a sua casa, agora que a via quase pronta. Finalmente podia ver a sua visão, o seu sonho quase concretizado. Não havia palavras para descrever o que ela sentia.

O sol já estava fraco e ao longo de toda a casa, uma camada de mistério, uma patine de magia, ia-se acumulando nos recantos, nos corredores, nas salas, nos quartos. Ela gostava mais da casa assim, com menos luz, mas com muito mais encanto. Aproximou-se da janela do quarto principal para poder ver o sol dar lugar à lua. Afastou os cortinados verde secos e apreciou o toque suave do chenile na sua mão, nos seus dedos.

Por alguns segundos questionou-se como é que havia pessoas capazes de gostarem de ver janelas despidas. Para ela, uma casa só se tornava num lar quando se vestia e apenas assim, uma casa podia tornar-se acolhedora. A única coisa que, quando nua, se torna convidativa, é a pele de um corpo masculino, sobretudo se estiver estendido num dos seus macios sofás, ou lençóis e agora que a casa estava quase como ela idealizara, teria que tratar disso também.

sábado, 2 de maio de 2009

- Mas isso nada muda entre nós. Eu vou continuar a ter o que quero, só tu é que irás sofrer mais.

- Não vou, não. – responde instintivamente.

Ele volta a aproximar-se dela, agarra-a pela cintura e aproxima-a do seu peito musculado. Ele gosta dela, gosta do peso dela, gosta de a sentir, de a cheirar, aquilo não lhe é penoso, ele quer, apenas não quer é que tenha que ser violento. Ele daria tudo, para que não tivesse que usar a força, mas ela, com um golpe rápido e imprevisível, no baixo-ventre, liberta-se dos seus braços. Ele bate-lhe de imediato, nunca iria permitir que o magoassem, mesmo que quem o fizesse fosse uma mulher como ela.

Ela cai por terra. Desta vez ele tinha usado, realmente, a sua força. Agarrou-a ainda antes de ela recuperar o fôlego e atirou-a para cima da cama, onde antes já a havia acariciado. Ela fica atordoada, com a pancada que deu com a cabeça e demora um pouco a encontrar de novo discernimento, mas pouco antes de se levantar, ela sente-o a tocá-la de novo. Ela tenta resistir fugindo, serpenteando, empurrando, mas começa a faltar-lhe as forças. Ele ajoelha-se em cima da cama, chega-a de novo ao seu corpo. Ela sente o seu cheiro acre a suor e, por pouco, não se permite a desistir e a entregar-se, incondicionalmente, àquele estranho.

As suas mãos continuam a percorrer todo aquele pequeno corpo. Ele insiste naqueles preliminares desnecessários, ele quer realmente que ela o aceite, que ela queira que aquilo aconteça, mas algo nela, algo que nem ela mesmo sabe explicar, impede-a de se entregar sem dar mais luta. Ela sabe de antemão que o desfecho será aquele, mas quer ficar com a consciência tranquila, antes de desistir. Olha à volta e vê a faca de mato, no chão. Era isso que faltava nas suas calças. Ela livra-se mais uma vez dos seus braços e rebola, para junto da faca, ganhando a vantagem da distância. Ele demora algum tempo a perceber o que se passa, mas se antes ainda tinha dúvidas, ele agora tinha a certeza absoluta de que ela tinha treino militar.

x-men_origins_wolverine_movie_poster2 O que é que será que me prende à saga X-Men? O excelente enredo? O facto de ser uma das novelas cómicas que eu mais aprecio desde criança, ou o facto de que sempre que sai uma sequela do filme, o elenco melhora exponencialmente.

OK. Vocês já sabem o que eu penso dos filmes de acção, por isso só posso dizer, deadpool_wolverineque o filme não desilude. Tem todos os requisitos para nos manter atentas ao ecrã: acção, espectaculares lutas coreografadas, Ryan Reynolds, CGI, excelente montagem, efeitos sonoros de cair para o lado, Hugh Jackman,  a eterna batalha do  bem contra o mal.

Mas o mais importante  (façam um esforço para acreditar que é o que eu acho mais importante), é que Wolverine mostra de forma clara e inequívoca, o nascimento de um herói traumatizado, complexo e fascinante, exactamente, por ser idiossincrático. x-men-origins-wolverine-1501Wolverine é o mais corajoso, animalesco e selvagem dos X-Men, e, por isso, por ser um ser atormentado na busca constante do seu próprio Eu, torna-se no mais fascinante e apaixonante personagem da saga criada por Stan Lee e Jack Kirby na década de 60.

 

Eu adorei o filme. Bom fim-de-semana!

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