quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Nem sei muito bem sobre o que vai ser esta mensagem. Preciso de tirar daqui aquele desabafo tão atiçado que realizei, até porque é Natal e não é data que condiga com este tipo de sentimentos, mesmo quando eles apenas existem, porque sinto demasiado carinho pela pessoa visada.

Assim sendo, e sem muito mais para dizer, porque há alturas assim em que a inspiração segue caminhos que devem ser explorados de outras formas, desejo-vos a todos um Feliz Natal, junto daqueles que vos amam e que vocês amem, cheio de paz e carinho.

Pensem que por vezes, a mera presença de um pessoa que é amada, vale muito mais que uma jóia preciosa, sobretudo quando essa pessoa, nem sempre pode estar presente nos outros dias.

Para aqueles que amamos sem perceber porquê, para aqueles que gostamos e para o resto do Mundo:

Muitas felicidades!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

eu_e

 

 

"Na vida, não nos apresentamos a ninguém que possa confundir-nos e odiamos quem nos confunde." 

(Epiteto)

sábado, 19 de dezembro de 2009

DSCF2583 O mês de Dezembro é uma loucura para mim, uma loucura que me deixa sem tempo para nada, sem tempo para respirar, sem tempo para escrever…. Mas eu gosto! Gosto muito deste “corre-corre” de Dezembro, este “não pára” que antecede o Natal. São a escolha dos presentes, são a escolha das decorações certas para o tema que escolhi, são os jantares com os amigos, são os preparativos para que a minha casa fique apropriada para receber a família, as limpezas, o fazer das camas, por enquanto desocupadas, são as renovações das instalações eléctricas, é o arranjar daquele candeeiro que ficou por arranjar há quase um ano, e a parede que havia ficado riscada e a porta do armário da cozinha que precisava de uma dobradiça nova.

É verdade que este ano, não tive tempo para fazer alguma das coisas a que me tinha predestinado a  realizar, como pintar o tecto da cozinha, pois outros valores necessitaram desses minutos preciosos, mas está quase tudo pronto. Só falta mesmo a minha tia chegar com o meu tio e com DSCF2591os meus primos, que este ano e após uma ausência de dois, finalmente conseguiram vir, o cunhado da minha irmã que também vem cá passar este ano o Natal connosco, falta chegar o dia 19 aonde vamos ter um lanche de trocas de prendas com os meus melhores amigos (o jantar do Sábado passado foi maravilhoso, com os velhos e os novos amigos, mas anseio por este momento nosso, talvez seja nostalgia), falta o dia 23 onde terei uma consoada antecipada com pessoas muito especiais, e depois, finalmente, os preparativos finais para a festa da família (umas das muitas que fazemos, mas a principal). Vai ser o peru, o bacalhau, os bolos, os fritos  e muito, muito amor e carinho.

Estou louca de cansaço, mas sabe bem!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Existem coisas, que não devem ser explicadas, pois se forem, perdem todo o encanto e magia que envolve os sentimentos e pensamentos de quando estamos a viver uma situação, que nos faz sentir bem! Passamos a vida a racionalizar cada um dos passos que damos, cada uma das acções que tomamos, pesamos os prós e os contras, tentamos ver a imagem de todos os ângulos possíveis e tentamos antecipar no futuro, aonde é que nos leva aquilo que vamos fazer. No meio disto tudo, esquecemos-nos, simplesmente, de viver o momento.

Por vezes são coisas bem simples, como uma conversa diária que temos com alguém no comboio, uma troca de mensagens com um parceiro de jogo na internet, um novo projecto que nos ocupa a mente e as mãos. Coisas simples, banais, corriqueiras e no entanto, fazer qualquer uma destas acções, (ou outras, cada um tem as suas certamente), dá-nos prazer, satisfaz algo que falta no nosso dia-a-dia e chegamos mesmo a sentir a falta delas, quando por algum motivo, não as conseguimos concretizar.

Mas mesmo assim, para além de serem coisas simples, quase em significado, temos tendência automática de as querer transformar em algo mais. Realizamos cálculos complexos, colocamos hipóteses, hipotéticas construções futuristas, onde aquilo, que por si só nos satisfaz, se torna em algo muito diferente e de contornos concretos pouco plausíveis.

Acho que neste tema, vou ter mesmo dificuldade e em encontrar as palavras certas para explicar o meu raciocínio, mas resumindo: Se no nosso dia-a-dia, existe algo que nos satisfaz, exactamente porque é apenas aquilo que é e nada mais, não compliquem, não tentem transformá-lo, pois o mais provável, é simplesmente perderem aquilo que já têm.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Estava no meio de uma enorme multidão, por todo o lado existiam actores vestidos com fatos de esponja que nos remetiam para histórias de encantar, vários enfeites de Natal e neve, muita neve, camadas e camadas de neve. No entanto chovia e isso era muito estranho.

Eu observava as pessoas, parecia procurar alguém no meio da multidão anónima, procurava um olhar, um sinal, algo que me ajudasse a reconhecer alguém que não conhecia, até que senti um olhar fixo em mim. Girei lentamente 360º, procurando a origem do olhar. Encontrei um homem alto, que me fixava, não me recordo do rosto, da cor dos olhos, ou do cabelo, apenas a profundidade do olhar que me fazia arrepiar.

Ele sabia quem eu era, ele já me havia visto antes. Pensei: "Já o achei!" mas ao mesmo tempo que o fiz, senti um calafrio que me fez temer de medo, receei que aquilo não devesse acontecer e decidi tentar fugir, esconder-me. Coloquei-me numa fila, para entrar numa espécie de teatro. Tentava a todo o custo, misturar-me no meio da multidão, tornar-me anónima, apenas mais uma. Mas não fui bem sucedida.

Sinto umas mãos fortes segurarem-me os braços por trás e uma voz profunda que me diz: "Os meus desejos ainda são ordens?!" ao que eu respondo, quase sem vontade própria: "Não conheço outra forma de me entregar!"

Então ele, abre-me o punho que eu tinha cerrado e coloca-me um cartão de plástico na mão e depois de a fechar de novo, de forma a que eu não deixasse cair o objecto quase sem espessura e mantendo-me sempre de costas para ele e sem me permitir virar para o ver, disse: "Tens 5 minutos".

Fecho os olhos e respiro fundo enquanto sinto a presença avassaladora dele partir. Abro os olhos ao mesmo tempo que a mão e reconheço uma chave de um quarto de hotel. Ainda procuro o homem do sobretudo e de olhar intenso, mas ele já ali não está. Procuro o Hotel, encontro-o do outro lado da avenida e dirijo-me até lá.

Entro no lobby, espero o elevador, subo até o andar respectivo, procuro o número do quarto e paro diante da porta. Falta-me a coragem para abrir a porta, ainda levando o braço para colocar o cartão na ranhura, mas este fica estático, sem movimento, inerte no ar. Sinto a presença dele novamente nas minhas costas, uma mão que segura a minha e que a força a tomar a acção que parara a meio. A fechadura solta o som que indica que não está mais trancada e o braço esquerdo dele, bem acima da minha cabeça, empurra a porta para dentro e com o braço direito, segura-me pelo pescoço e força-me a entrar. A porta fecha-se. A voz dele diz.

- Sem preliminares.
- Demasiado sobrevalorizados! - Respondo com voz trémula e insegura!
- Sem artifícios.
- Apenas guiados pelos instintos mais básicos. - Completo.

Ele encosta-me então à parede, como se fosse um polícia que me fosse revistar, retira-me os casacos, os cachecóis e tudo que o separava da minha pele, mantendo-me sempre de costas para ele. Liberta-se ele próprio das suas roupas, agarra-me o pescoço, a sua mão contorna-o quase na totalidade e morde-me junto à junção com o ombro. Eu não grito, eu sufoco a dor física e transformo-a em algo mais, algo muito mais estimulante. Ele possui-me sem mais demoras, sem mais percalços. Fá-lo com uma desenvoltura tal, que parece não ter feito mais nada na vida, se não aquilo. Possui-me com uma violência tal, que quase sinto o meu corpo partir-se nas suas mãos, mas em vez de recear, ou ter medo, ou tentar fugir, eu apenas me entregava mais e mais e a cada gesto, a cada movimento, os nossos corpos tornavam-se apenas um.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

1955058 - O que pretendes? O que é que queres? – tenta acalmá-la.

- Quero ir-me embora. Deixe-me ir embora, por favor – o dia começava a escurecer.

- Eu não te posso deixar ir. – ele tentava manter-se calmo, mas já tinha perdido toda a paciência que tinha – Dá-me a faca.

- Não se aproxime. – ameaça ela, tomando uma posição de luta com faca. A técnica dela era irrepreensível. Ele aproxima-se, com cuidado, rodeando-a, estudando os seus movimentos. Ela acompanha-o. – Deixe-me ir embora. – Implora mais uma vez.

Ela estava assustada, ele mexia com ela de uma forma que não percebia e aquilo aterrorizava-a. Era suposto ela odiá-lo e desejar a sua morte, mas os seus sentimentos eram exactamente os opostos: ela não lhe queria mal e ela simpatizava com ele. Ele ameaça atacá-la e ela afasta-se assustada. Ele ri-se. Ela era demasiado nova, para ser um adversário à altura. Ele ataca, mas desta vez a sério, ela defende o golpe, sem sequer pestanejar e ameaça, por sua vez, com a faca. Agora é ele quem se afasta num pulo, evitando por um triz, a lâmina afiada da sua própria arma.

Ele aceita o desafio, faz estalar o pescoço e avança. Ambos iniciam uma estranha dança, onde estudam os movimentos um do outro e tentam aproveitar a primeira distracção do adversário, para ganharem vantagem. Ele acerta-lhe, no queixo, com um soco, tentando ganhar de imediato o pulso da mão direita, para fazer uma chave que a desarmasse, mas ela dá um mortal para trás e bate-lhe com os pés, durante a acrobacia. Ela percebe que ele a vai atacar com toda a força e ela sabe que a sua única solução, é usar a faca. Ele é demasiado forte para que ela se atreva sequer a lutar, de igual para igual, com ele. Assim que ele se aproxima, ela baixa-se e, num movimento rotativo, passa a lâmina afiada através das calças e sente a carne ceder a um golpe que ela espera ligeiro, na perna esquerda daquele homem. Ele cai, contorcendo-se com dores, mas ela não se compadece. Com movimentos rápidos e contínuos, ela pega na camisa do seu adversário, veste-a e dirige-se para fora da tenda, mas detém-se quando ouve aquele estalido tão familiar, que uma arma dá, quando fica pronta para disparar. Ela até que gostava daquele som. Ela gostava sempre daquele som quando treinava, só que desta vez, aquilo terminava com a ilusão de sair dali e voltar à sua vida normal.

- Deixe-me ir, por favor. – pede sem sequer se voltar.

- Volta aqui. Chega aqui. – ordena-lhe com a voz trémula e repleta de dor.

Ela engole o choro e cumpre a ordem. Ela não pode fugir de uma bala e tem a certeza que ele tem boa pontaria. Ele não desvia a arma, nem por um instante, enquanto se levanta com grande custo. A sua perna sangra imenso e ela fica com o coração apertado. Não o queria magoar tanto, apenas queria fugir. Ele encosta-lhe a arma gélida à sua têmpora e ela chora. Retira-lhe a faca que ela mantém na mão. Nada mais há a fazer. Ele engole a dor e demora-se a decidir o que vai fazer a seguir. Ele quase desfalece enquanto pensa, mas apoia-se nela. A arma nunca se mexe do lugar.

- Leva-me até a cama e ajuda-me a sentar. – Volta a ordenar.

Ela obedece, a situação dele comove-a, agora que vê o sangue. Ele nem precisa de lhe pedir, pois ela despacha-se a ir buscar uma caixa de primeiros-socorros e trata-lhe da ferida que ela própria lhe abriu. Ela faz um bom trabalho, mas ele continua com dores. Dirige-se ele próprio à caixa e tira uma pequena seringa que contém um líquido branco. Ela supõe que seja morfina. Afasta o olhar quando ele se injecta. Pensa em aproveitar o momento para fugir, mas apenas alguns segundos de indecisão, uns míseros segundos de dúvida, são os suficientes para o ouvir libertar um som seco de alívio e ouvir as suas botas baterem no chão, num ritmo descompassado, pois coxeia na sua direcção. Empurra-a para a cama que lhe pertence e amarra-a. Ele não torna a falar-lhe. Está envergonhado, por ter sido derrotado, ludibriado por aquela criatura tão pequena e frágil. Ela também não diz nenhuma palavra. Não emite um som, uma lamúria.

Descansa por fim, por algumas horas na sua cama. Ele tem que ir jantar com o Claude e sente-se fraco demais para isso. Ele está cabisbaixo, pelo que aconteceu e neste momento, perdeu toda aquela confiança, que tinha ganho quando o vira ao princípio da tarde. Contudo, ao longo das horas que passavam, ele ia readquirindo alguma presença de espírito e começava a pensar que tudo aquilo era natural e que apenas tornava o prémio final, mais apetecido. Tirou o maço de cigarros de um dos muitos bolsos que as suas calças tinham, mas estava vazio. Levantou-se. Já se sentia melhor para o fazer. A perna ainda tremeu por uns instantes, mas dois passos depois, mal se notava que coxeava. Tirou um maço novo de uma das mochilas e logo acendeu mais um daqueles rolinhos brancos, pardalentos e fedorentos. Se ele tinha vícios, fumar era um deles. Olha de soslaio para ela. É mais forte do que ele. Ele bem queria não olhar, ignorá-la, pelos menos até voltar do fogo-de-conselho, mas não resiste. Ela também o observa. Como seria mais fácil, se alguém lhes dissesse, que eles estavam destinados um ao outro. Mas todo o destino é assim mesmo: confuso, obscuro, intrincado, no entanto, já resolvido, atribuído e indissolúvel. Apesar de tudo, os sinais estavam lá, eram claros a todos os bons observadores. A sua parecença física, o acaso das datas, do encontro, das suas histórias, que logo, logo, ambos conhecerão, dos seus gostos, dos seus hábitos, dos seus desejos.

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