domingo, 27 de setembro de 2009

Todos sabemos que o povo português tem uma grande capacidade para a tristeza, para o destino, para a melancolia, enfim, para o Fado.

E todos sabemos que no fado, a dor e o espírito de sacrifício é glorificada,  e a forma heróica em como se suporta   as punições e as contradições da vida, são caminhos seguros para a santificação. Os que amam quem lhes bate, são considerados santos, pessoas de grande valor.

Cheguei à conclusão, que é impossível fugirmos desse código inscrito no nosso DNA e apenas isso explica o facto de os portugueses terem voltado a votar em alguém tão execrável, incompetente, autista e detestável, como o ainda e novamente primeiro ministro.

Existe um enorme lugar no céu, para todos os santos que existem em Portugal.

sábado, 26 de setembro de 2009

 image001

…ninguém gostou da nova decoração da minha casa, pois nem sequer um comentáriozinho, sobre o assunto…

Já havia reparado o quão parcos andavam nessa área, mas não comentar a mudança de visual, que tanto trabalho me deu, é quase ofensivo!

Amuei…

quinta-feira, 24 de setembro de 2009


Threesome_With_2_MenEstive recentemente a ler um livro de antropologia, que focava, essencialmente, o tema do casamento e as suas variantes, tradições e usos, tanto ao longo do tempo, como  nos diversos países.

É lógico, que na maioria do planeta, as tradições têm tido uma tendência para obedecer às restrições criadas pela Aldeia Global e o ritual do casamento está a tornar-se muito semelhante em quase todas as culturas.

No entanto, existe uma tribo na Nigéria, os Wadabee, que têm certos preceitos sociais, quanto à corte e escolha de noivas, para além de certos hábitos que acho muito interessantes   para todas as mulheres que têm alguma dificuldade em escolher um, entre vários pretendentes. Mas já me estou a adiantar de novo.

Reza então o antropólogo, que os rapazes dessa tribo, usam uns amuletos especiais,

não perde muito tempo na descrição dos mesmos e eu vou perder menos ainda…

que têm como objectivo, atrair a atenção das suas primas e amigas.

é enfatizado ao longo de toda a descrição o facto de haver primas e primos à mistura, pelo que subentendi, que a sociedade é tão fechada, que todos os jovens acabam, de uma forma ou de outra, por ser parentes!

Mas o melhor está para vir. Descreve o mesmo senhor, que é comum, existirem dois primos, ou amigos chegados, que pretendam atrair a atenção da mesma jovem, pelo que nesse caso e na falta de mais pretendentes, cabe à mulher escolher o que acha mais apropriado para seu futuro marido.

até aqui, nada de muito diferente da nossa sociedade ocidental!


No entanto, o pretendente preterido, segundo ditam as regras de boa convivência e educação daquela sociedade, deve ser convidado, por ambos os nubentes, a ser o padrinho do casamento.

seria tudo muito normal, se ficasse por aqui, mas não!

Para além de padrinho, ditam os costumes, que o casal deve utilizar de todos os recursos, para o manter como o melhor amigo, convidá-lo a frequentar a casa e até a sua cama. Tudo isto como forma diplomática de evitar que o primo/amigo preterido não deseje má sorte ao casal, atraindo dessa forma, má sorte a toda a tribo. Este arranjo temporário, deverá terminar, quando esse jovem se interessar por outra mulher e com ela casar.

Realmente, andamos nós na Europa a matar golfinhos como ritual de passagem, como se fossemos seres muito evoluídos, quando existem sociedades perdidas pela África interior, que nos ultrapassaram à velocidade da luz…

Apenas uma coisinha para pensarem durante o fim de semana.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

 

1838259 … Quando estava a fazer a minha caminhada do Rossio aos Anjos, na direcção do suplício que, bem ou mal, vai pagando as contas, um rapaz atira um piropo, que para mim era, totalmente, novo e que por instantes pensei mesmo ser um insulto:

- Estás bala, hoje!

Eu ouvi, mas não processei com a rapidez necessária, até que três passos mais à frente, (não sei quantos passos foram, mas três pareceram-me mais literários), dei-me conta do substantivo, que ele utilizou como qualificativo, para com a minha pessoa. Parei a marcha apressada e voltei atrás, retirei os auscultadores do mp3 dos meus ouvidos e reparei no aspecto assustado do rapaz, por eu me estar a dirigir a ele. Com toda a certeza, não deve ser habitual, as raparigas a quem ele solta piropos, voltarem atrás para falarem com ele, mas hei! Eu não sou uma rapariga qualquer! As suas faces roborizaram um pouco, quando eu finalmente, acabo por lhe perguntar:

- Bom dia!

- Bom dia! – sorri.

- O que quer dizer “bala”?! – despacho curiosa

- Quer dizer que podes matar um homem, mesmo só de raspão… – responde pouco convicto e eu:

-Ah, OK! Então acho que tenho que dizer obrigada, não é?! – ele sorri tímido, algo que contrasta com a desenvoltura com que havia soltado o exótico elogio segundos antes. -  Tem um bom dia, então! 

Ele desmancha-se a rir, talvez por nervosismo, ou então pelo facto insólito que teria para contar aos amigos e eu retomo o meu passo apressado para o escritório, com os auscultadores de novo nos ouvidos e com um sorriso de orelha a orelha. Sim porque não há nada melhor para fazer uma mulher sorrir, do que a comparar a uma Serial Killer.

Boa Semana!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

 

segredoO tempo passou e fizeram de novo a chamada. O namorado atendeu-a. Ela gostava da voz daquele amigo, que era mais do que isso.

- Claude?!

- Sim!

- Sou eu, Dalila. – começou a chorar, tudo começava a ser demais para ela e ela não sabia mentir.

- Estás bem?

- Estou.

- Porque é que fugiste? – ela não podia começar diálogos, se o fizesse, era provável que dissesse mais do que devia.

- Ouve-me bem. Sinto muito pela preocupação que eu te devo ter causado, mas eu estou bem, apenas precisava de estar sozinha depois do que se passou ontem à noite. – houve um pequeno silêncio. Ele não se recordava.

- O que é que se passou ontem à noite? É que a única coisa que me lembro foi de acordar com uma enorme dor de cabeça.

- Eu bati-te. Eu não estou preparada para isto. Eu preciso de pensar. – gagueja – Arranja uma desculpa por mim. Falamos melhor quando voltares. – ela sente uma tensão do outro lado da linha, ela sente que Claude sofre.

- Fica bem. Pensa em tudo o que tens a pensar. Falamos depois. Tudo se vai resolver. Tenho a certeza. – um silêncio antes da despedida, falta dizer mais alguma coisa, mas nenhum dos dois tem a certeza se será apropriado – Eu amo-te. Tu sabes disso, não sabes? – ela desata a chorar e acena que sim, ele ordena-lhe para que termine a ligação.

- Eu sei! Eu também... – mas ela mentia, ela nunca o amara, apenas gostava dele, nada mais. Nem mesmo se poderia chamar paixão àquilo que tinham, era muito menos que isso. Ela apenas gostava da atenção que Claude lhe dedicava.

- Adeus! – despede-se Claude. Ele faz-lhe novamente sinal para terminar com o telefonema, contudo, antes de lhe obedecer, ela surpreende o seu carcereiro, quando elimina um problema com o qual ele não contara

– Eu vou ficar uns dias na tua casa de férias em Côte d’Azur. Eu tenho as chaves, faz-me apenas dois favores.

- Sim! Aquilo que quiseres!

- Telefona aos meus pais e diz-lhes que convidaste algum pessoal para terminar as férias na tua casa e que querias muito que eu fosse. Eu não quero que eles se preocupem comigo. Eu depois telefono-lhes.

- E o segundo favor?

- Não apareças por lá, nos próximos dias. Quando eu estiver pronta eu telefono-te. – de novo o silêncio. Ele olhava-a espantado. Porque o ajudaria ela, naquele momento?

- Tudo o que quiseres! Eu amo-te, faça eu as besteiras que fizer, eu quero que saibas que eu amo-te. – ela engole o choro. Ele faz-lhe de novo sinal para acabar com a conversa.

- Tenho que ir. Faz o telefonema para os meus pais agora. Eu telefono-lhes ao final do dia.

- Considera feito. – de novo o silêncio, a necessidade de não terminar de falar, de fazer prolongar os momentos em que partilham o mesmo ar, em que estão em sintonia. – Telefona-me.

- Eu telefono-te. - Desligou e ele amparou-a, antes que caísse. Mentir era tudo, o que ela não sabia fazer, mas fê-lo na perfeição.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

image0022Existem coisas, que o ser humano faz, que me deixam sem qualquer outra alternativa se não gritar de indignação, com toda a força dos meus pulmões.

Se eu acho a tourada um espectáculo bárbaro, onde os touros não pediram para ali estar e no entanto, o seu sofrimento é o ponto alto de um espectáculo de massas, imaginem o que eu sinto quando vejo estas imagens num documentário e mais tarde num e-mail que me foi enviado.

Sempre tive em conta que os países nórdicos eram países civilizados e muito racionais. Que evoluíram do Vikings e se tornaram nas civilizações mais pacíficas e organizadas do planeta, mas quando me identificam este local como sendo a Dinamarca, tenho logo que pensar, que algo vai muito podre naquele reino.

image0011 Numa determinada altura do ano, o mar,  numa pequena aldeia piscatória na Dinamarca,  mais precisamente na Ilha Faroé, fica vermelho. No entanto não é devido a efeitos especiais, ou a qualquer outro fenómeno climatérico estranho e sem explicação. Deve-se à crueldade com que os seres humanos (supostamente seres racionais e civilizados) matam centenas dos famosos e inteligentíssimos Golfinhos Calderon, também conhecidos como Grampus Griseus e Golfinho-de-Risso. 

image0033 Isto acontece ano após ano e participam deste massacre, maioritariamente,  jovens homens. Por quê? Porque supostamente, através deste acto irracional, os mancebos demonstram que  atingiram a idade adulta e que não podem mais ser considerados crianças.

A verdade é que todos participam deste triste espectáculo: os que image0066vão lá para assistir; os que vão para matar; os que organizam; os que incitam; nós que nada fazemos para terminar com este bárbaro costume.

O golfinho Calderon, como quase todas as outras espécies de golfinhos, aproxima-se do homem, com o exclusivo objectivo de interagir e brincar. Os golfinhos são uma espécie que mesmo em liberdade, tal como os animais domesticados, gostam de brincar e travar amizade com os humanos. 

image01010Mas o que mais me repugna é a forma lenta e cruel com que ele são mortos. A forma como o fazem, não os mata instantaneamente. Estes cetáceos são cortados diversas vezes, com ganchos grossos. Segundo parece, o som que os golfinhos lançam no ar, nesse momento é estridente e, confiando em relatos de pessoas que já observaram tal barbárie, assemelha-se muito ao choro de um recém-nascido.

image0077 O processo repete-se as vezes necessárias e, durante todo esse tempo de tentativas, o golfinho sofre e não existe qualquer tipo de compaixão. Este dócil ser, sangra, lentamente, e sofre com as dores provocadas pelas feridas enormes, até perder a consciência e morrer no seu próprio sangue. 

No fim da matança, os  Heróis, passam, finalmente, a ser adultos. image0099Homens racionais e prontos para as adversidades do dia a dia, uma vez que a sua maturidade, ficou, inequivocamente comprovada, através desta exaustiva demonstração.

Creio que já existe demasiada violência no Mundo, para que seja necessário continuar a compactuar com este espectáculo triste e deplorável.

Está na hora de fazermos algo, a mais não seja, denunciando este filme de terror a todos aqueles que ainda não tenham conhecimento.

Talvez assim, seja possível criar uma onda de indignação que comova o governo Dinamarquês e o demova de continuar a tolerar image0055 este genocídio (sim utilizei a palavra genocídio para a morte de uma espécie animal, porque para mim, todos os que habitam o planeta merecem ser tratados de igual forma: todos merecem respeito, todos merecem viver em paz)

 

 

 

 

Nota: caso queiram saber as características científicas deste lindo animal, aqui estão:

Nome Cientifico: Grampus griseus

Características: É relativamente fácil identificar golfinhos de Risso no mar, em particular quando são mais velhos. Parece que foram "atacados pela artilharia"., com cicatrizes corporais extensivas causadas pelos dentes de outros golfinhos de Risso e, em menor escala, por confrontações com lulas.

A sua cabeça é arredondada e não possui bico. Este golfinho pode medir entre 3,60 a 4m de comprimento.

O corpo tem tendência  a clarear com a idade, se bem que haja grandes variantes entre indivíduos: os adultos podem ser quase tão brancos como golfinhos-brancos ou tão escuros como baleias-piloto.

À distância, a barbatana dorsal alta pode induzir momentaneamente à confusão com orcas fêmeas ou jovens ou roazes-corvineiros.

O golfinho de Risso tem um sulco frontal no centro da testa, correndo do espiráculo ao "lábio" superior; é visível de perto e é peculiar a esta espécie.

Por vezes vêem-se golfinhos de Risso agrupados com outras espécies de golfinhos e com baleias-piloto.

Barbatana Caudal

Cabeça de Animal Velho

Comportamento: Sabe-se que os animais jovens saltam; os animais mais velhos têm tendência para dar meio-salto, batendo depois com o lado da cabeça na superfície.

Por vezes eleva bem a cabeça para "espiar", ficando as barbatanas peitorais expostas.

Pode dar "batimentos caudais e peitorais" e faz surf nas vagas.

É raro "acompanhar à proa", mas pode nadar ao lado de um navio ou no seu rasto.

É típico mergulhar durante 1 a 2 minutos, depois sobe e respira uma dúzia de vezes com intervalos entre 15 e 20 segundos; pode ficar debaixo de água até 30 minutos.

Barbatana caudal pode aparecer acima da superfície quando mergulha.

Às vezes nada "saltitando".

Pode emergir para respirar num ângulo de 45º.

Quando caçam, os grupos estendem-se por vezes numa longa linha. Alguns são grupos muito tímidos, mas outros deixam-se aproximar.

Distribuição: Bastante abundante, a distribuição é ampla. Prefere as águas profundas do largo, mas pode ser visto perto da costa em volta de ilhas oceânicas e onde haja uma estreita plataforma continental.

Na Grã-Bretanha e Irlanda, maioria dos registos dentro dos 8 km costeiros. Nos EUA, encontrado sobretudo perto do extremo da plataforma.

Presente durante todo o ano na maior parte da área, apesar de poder haver um movimento sazonal costa/largo em algumas áreas.

Encontrado por vezes em regiões mais frias durante os meses de Verão.

Alimentação: cefalópodes, por vezes peixes.

http://www.golfinhos.net/pt/portal/especies/familia-dos-golfinhos/golfinho-de-risso.html



sábado, 12 de setembro de 2009

51713 - Quem lhe disse isso? Como é que pode saber disso, quando observa um grupo de miúdos a metros de distância, através de uns binóculos? – ele aproximou-se de novo. Senta-se na cama e beija-a. – A verdade é que você tirou à sorte e nem sequer, tem a certeza de que acertou, pois não?

- Que idade tens tu? Quantos anos tens? – ela abandonou o seu olhar e abanou a cabeça.

- Quando é que eu vou saber da missão e do que preciso fazer?

- A seu tempo. – disparou – Logo, logo, eu irei saber tudo sobre ti, mas agora é tempo de fazeres um telefonema. – soltou-a das cordas que a aprisionavam e levantou-se. Ela deixou-se ficar. – Queres um convite por escrito? - ironizou.

Ela acaba por se levantar contrafeita. Ele queria tanto que ela fosse mais cooperativa. Talvez se ela lhe tivesse mais respeito? Não, essa não era a solução. A solução era ela temê-lo. Agarra-a pelo braço com força e puxa-a até ele. De novo aquele cheiro que ambos gostavam e que ambos temiam. Ele sentia a respiração rápida dela, bem sobre o seu ombro direito. Era aí que ficava a sua boca, quando ambos estavam de pé. Afinal ela não era assim tão baixa. Talvez passasse do metro e setenta. O seu corpo era tão delgado. Ele amava-a, disso ele já não tinha dúvidas. Se era resultado de uma solidão de vinte e cinco anos, ele não sabia. O que ele sabia, era que ela teria que ser sua. Sua durante o rapto, sua durante a missão, sua depois da missão, sua para o resto da sua vida. Ele não a deixaria escapar. Nunca mais ela se veria livre dele, mas isso, era apenas do seu conhecimento. Ela nada sabia, ainda.

- Tu nunca mais me irás desobedecer! Nunca mais. – o braço começava a doer-lhe, mas ela não queria vergar-se sobre o seu jugo.

- Então prova-me que eu tenho que te obedecer. – ele não se conteve, aquilo era insubordinação, pura e crua. Ele não podia aceitar e bateu-lhe. Ela não cai por terra, ao contrário do que ele pretendia, mas sangrou do lábio inferior. Do mal, o menos. Ela sabia aguentar uma tareia. Ele tinha a certeza do treino militar, mas não compreendia.

- A não ser que queiras que isto continue, começa a obedecer-me. – ela ia argumentar, mas ele, mais uma vez, não deixa. – E sem argumentações, sem mas, nem porquês, apenas obedece. – ela fecha os olhos, engole em seco e deixa-se levar para fora da tenda – O telefone. Tragam-me o telefone. – o soldado mais velho, atira-lhe um telemóvel avançadíssimo. Estamos na era em que os telemóveis pesavam quinze quilos e andavam nos carros, mas o deles, não pesava mais do que cem gramas e era pouco maior que uma mão. – Qual é o número?

- Que número? – acaba por perguntar.

- O número para o qual os pais vos podem contactar. Vocês deviam ter algum tipo de contacto com o mundo exterior. Qual é o número? – ela abre o bolso da camisa e retira um número de telefone.

- É o número dele?

- Poucos de nós se podem dar ao luxo de ter um telefone portátil. – ele continua à espera da resposta certa - É de um telefone fixo, de uma mercearia que fica na vila. O filho do merceeiro virá até aqui e dir-lhes-á que alguém quer falar com eles. O contacto final é feito meia hora depois.

- Então faz agora o telefonema e pede para chamarem o teu amorzinho. – ela assim o fez.

- Que quer que eu lhe diga? – ela deixou de o olhar nos olhos. Ele não suportava isso. – Que quer que eu lhe diga? – perguntou de novo.

- Vais dizer-lhe que o que se passou ontem à noite foi demais para ti, que precisas de pensar e que não podias continuar a vê-lo, que precisas de ficar sozinha. Pede-lhe para que arranje uma desculpa por ti. – fazia sentido, ele sabia o que fazia – Não quero códigos. Não quero uma única palavra com duplo sentido. Se eles continuarem com a busca, quando ele voltar da vila, eu matá-lo-ei pessoalmente, esta noite. Compreendes? – ela acena que sim. Parecia que começava a perceber o seu papel.

- Não será necessário. – foi a resposta audível e correcta.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não sei se vocês estão familiarizados com um número que envia mensagens de um tom intimo, sem que tenhamos alguma vez tido conhecimento com a pessoa, ou entidade, e muito menos feito algum tipo de inscrição, para que o nosso nº privado de telemóvel, pudesse ser do conhecimento de tal entidade. Trata-se do nº 4880 e basta que vocês o coloquem no google para vos aparecer uma enxurrada de casos e denuncias. Aqui ficam alguns dos que visitei:

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181&contentid=B0473997-DF87-4B19-BDCC-2B3E41E0EE38

 http://diario.iol.pt/sociedade/mensagem-sms-telemovel-operadoras-tvi24-telefone/1082879-4071.html

Pois bem uma amiga minha, no meio das suas tão esperadas férias com o marido e filha, começou a receber algumas destas mensagens. No início achou que poderia ser eu a brincar com ela (ainda tens que me explicar, porque raios pensaste tu isso!), e não ligou até porque estava fora do país e não estava para gastar dinheiro mal gasto.

Mas de volta das férias e já em Portugal, o tom das mensagens passou a ser mais intimista e provocadora, deixando-a sem perceber quem poderia ser e como é que teriam conseguido o nº dela. Como podem adivinhar assustou-se e telefonou para a TMN a tentar saber se existia maneira de bloquear o dito nº e de quem era. Verdade seja dita, que esta atitude tornou-se infrutífera, gastando rios de dinheiro em passagens de serviço para serviço, para depois chegarem à conclusão que se tinha que deslocar pessoalmente a uma loja TMN.

Depois de não sei quantas mais mensagens e ida e vindas à TMN, porque até com a assinatura dela implicaram, ela acabou por fazer uma reclamação formal que podem ler aqui:

« Em 25-08-2009, dirigi-me à Vossa loja situada no Campo Pequeno e, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/2009, de 10 de Março, solicitei o barramento de quaisquer mensagens (SMS/MMS) enviadas pelo número 4880, serviço para o qual eu nem sequer me havia inscrito e não estava interessada.

Na ocasião, os Vossos Serviços não me facultaram uma cópia do pedido apresentado, dizendo-me que tal não era possível mas que iriam resolver o assunto.

Tendo continuado a receber mensagens, cada vez mais, do número em assunto, telefonei para o assistente da TMN (número 1696) expus a situação, tendo sido informada que os Vossos Serviços só podem “barrar futuras activações do número em assunto, estando o serviço já activo nada podem fazer, devendo ligar para o número 707780013 para solicitar o cancelamento do serviço inerente ao número 4880”.

Embora a explicação me parecesse no mínimo estranha, até porque o próprio D.L. 63/2009, de 10 de Março, fala em barrar / desactivar, decidi efectuar o procedimento indicado.

Após várias tentativas frustradas, consegui finalmente, em 27-08-2008, obter ligação para o n.º 70778013, que se revelou ser um Call Center situado nas Amoreiras, e solicitar a dita “desactivação do serviço inerente ao n.º 4880”.

Escusado será dizer que continuei a receber mensagens do número 4880.

Hoje, 28-08-2009, mais uma vez liguei para o n.º 70778013, às 08h 59 m, e expus a situação, tendo-me sido assegurado que desde ontem (dia 27-08-2009 às 15h 35m) o serviço se encontrava desactivado e eu não deveria ter recebido mais mensagens, o que obviamente não foi o que aconteceu!, e que iriam tratar de imediato do assunto

Fui ainda informada pelo Call Center 70778013 que são Vocês, TMN, que uma vez contactados por eles procedem à desactivação do serviço!!!!!

Venho desta forma expressar a minha indignação contra toda esta situação, nomeadamente em relação à forma como Vocês, TMN, tem estado a lidar com todo este assunto, até porque, pelo menos até às 22h 52m do dia 27-8-2009 (ontem) efectivamente continuei a receber SMS do número 4880 !!

A situação é no mínimo escandalosa, até porque não é propriamente recente, segundo pude apurar, no jornal Correio da manhã do dia 18 do corrente mês houve um artigo, onde Vocês, TMN, até participaram, especificamente sobre o situações similares com o número 4880, MAIS UMA RAZÃO PARA RESOLVEREM RAPIDAMENTE ESTAS SITUAÇÕES !!

Pretendo ainda informar que não irei pagar qualquer custo inerente ao número 4880 (seja ele de mensagens recebidas ou enviadas) um serviço que nunca subscrevi !!!

Caso a situação continue, irei apresentar queixa-crime na Policia Judiciária contra o dito serviço inerente ao número 4880, contra o Call Center 707780013 e contra Vocês TMN sem o qual nada disto seria possível !!»

Depois da reclamação formal a minha amiga deixou de de receber as ditas mensagens e já lhe telefonaram não sei quantas vezes da TMN a perguntar se a reclamação apresentada já estava resolvida. A última vez que ligaram, na sexta-feira passada, depois de ela insistir que pretendia saber quando e como tinha aparecido inscrita nesse serviço, continuaram sempre a repetir que ela não pagava as mensagens recebidas (apenas as enviadas), até que lhe desligaram o telefone na cara !!!

No dia anterior tinham-lhe telefonado para um inquérito de qualidade, mais uma vez relacionado com a reclamação apresentada, ela pediu para ser adiado para esta semana porque estava fora a trabalho.

Ela só está à espera que lhe liguem para lhes dizer que não está nada satisfeita, nomeadamente com o facto de lhe desligarem o telefone na cara, face a perguntas que eles sabem perfeitamente as respostas, mas que simplesmente não querem , ou não podem responder. Porque a verdade é que ninguém nos tira da cabeça, que é a própria TMN que fornece os números, uma vez que com o acordo que mantém com a tal entidade, a TMN recebe uma comissão choruda das mensagens de resposta.

Se é assim, escusam de andar a perguntar se a minha amiga está satisfeita, pois não está!!!

Pelos vistos e olhando para trás para toda esta situação rocambolesca, parece que ela só se conseguiu livrar das mensagens, quando ameaçou ir à policia apresentar uma queixa crime !!!

Esperemos que o caso esteja sanado e que não haja nenhum tipo de desenvolvimento triste.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ao tentar cumprir com a minha promessa de ter mais tempo para mim e para as coisas que me fazem sentir bem, hoje tentei durante a viagem de comboio, arranjar tempo para ler alguns blogs que sigo e que me seguem. No Blog do Escrevinhador, encontrei algo, não só que ia de encontro com uma conversa que tinha tido com uns amigos, como me fez rir à gargalhada:

«O cartaz do PCP contém a palavra "Mudança" (change, em inglês), e a frase "Sim, podemos ter uma vida melhor" (em inglês, "Yes, we can", etc.). Onde é que eu já ouvi isto? Não me lembro, mas parece-me que a fotografia do cartaz mostra um Jerónimo de Sousa bastante mais bronzeado do que é costume. A campanha dos comunistas portugueses usa os mesmos lemas que a campanha do chefe do imperialismo americano, facto que mais uma vez me obriga a constatar que não percebo nada de política.»

Simplesmente, perspicaz.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

y1pBQlcWwpgTb1E3RQk0SEpvMWxNkKsX5qlPHzhbENiNjJDstdH_vCDcGbkBhC5sR4K Existem momentos na vida de cada um de nós, que se destacam pelo facto, de nada terem para destacar. São momentos em que a nossa vida entra numa rotina que nos surge alienígena, como se nada tivéssemos feito para que ela chegasse àquele ponto e, no entanto, lá está ela, clara e repetitiva.

Sempre que isso acontece, sempre que eu dou conta de que isso está a acontecer, assim que admito que isso está a acontecer, está na altura de fazer algo que o contrarie. A forma que eu arranjei para o fazer, é encontrar algo que nunca fiz na vida e fazê-lo. Foi assim que fiz bungee jumping pela primeira vez, foi assim, que saltei de pára-quedas, foi assim que comecei a fazer escalada, foi assim que tive sexo pela primeira vez. Para mim, serve como lubrificador, para dar às rodas da engrenagem da minha vida, um novo destino.

Ao ver o telejornal, hoje de manhã, decidi que tinha que andar de balão. Agora falta descobrir como o irei fazer.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

alone Ele despediu-se dos visitantes e entrou na tenda, assim que teve a certeza que eles não voltariam atrás. Ela chorava. Ele não queria que ela sofresse, mas fazia parte das consequências, ele nada podia quanto a isso. Sentou-se na cama, perto dela. Limpou-lhe as lágrimas e beijou-lhe os olhos húmidos. Ela, de uma forma estranha, gostava dele, gostava do seu cheiro, do seu toque, das sensações que ele lhe provocava. Era algo que ela não compreendia, nem controlava. Era um desafio. Retirou-lhe a mordaça e depressa ouviu a sua voz suave. Ela nunca gritara.

- Ele vai voltar, quando não me acharem! – teve que se rir. Ela nunca desistia. – De que te ris?

- Eu vou tratar disso ainda esta tarde. Tu vais telefonar-lhe e resolver esse assunto. Não te preocupes, que ele também não.

- Desata-me. – ordenou-lhe. Ele olhou-a condescendentemente, mas não obedeceu. Dirigiu-se à tina onde ela se tinha lavado e fez a barba. Ela apenas observa. Nada mais pode fazer. Ele é lindo e ela admite-o. – Porque é que me escolheram a mim? Podia ter escolhido qualquer outra rapariga do meu agrupamento, porquê eu? – ele olha-a através do pequeno espelho. Ele podia responder a isso.

- Porque me pareceste a mais consistente, a mais forte, a mais apta. – ele não lhe disse o que ela queria ouvir e ele percebe-o. Faz um compasso de tempo, acaba praticamente de se barbear, antes de concluir o seu pensamento: – A mais bonita. – isso sim, era isso que ela queria ouvir, era o orgulho fútil da adolescente que ela ainda era. Contudo ela não se envaidece como, outra qualquer menina faria e questiona.

- Porquê uma criança? Porque não uma colega vossa?

- Apenas alguém como tu, teria o perfil necessário, para a nossa missão.

- Nunca tinha ouvido, que a nossa tropa, andava a raptar crianças... – ele não a deixou terminar.

- Nem comeces. É lógico que não andamos a raptar crianças por prazer. Nem eu raptei uma criança, apenas uma jovem, que pudesse passar por uma criança. Alguém que tem uma alma antiga e uma cabeça feita, pronta para o mundo. Eu não raptei uma criança. Eu raptei-te a ti! – ela estava confusa, se queriam a colaboração dela, porque é que não lhe pediam? Era tão mais simples. Mas ele tinha razão. Ela não era mais uma criança e também era verdade que estava pronta para enfrentar quase tudo, mas que sabia ele disso?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Vocês sabem como todos nós tentamos encaixar as coisas e as pessoas em pequenas caixinhas e rotulá-las, de forma a podermos arrumá-las nas prateleiras e retirá-las quando nos é mais conveniente?

Eu também o faço, mas no outro dia, ao falar através do chat do Facebook com um amigo, sofri uma epifania e achei absurdo tal comportamento. Ele fazia-me perguntas absurdas, seguindo a linha dos teste de personalidade, de forma a tentar perceber-me melhor. Achei divertido, a sério e não me esquivei a nenhuma pergunta, respondendo a tudo com a maior sinceridade, mas ele ia ficando cada vez mais confuso e foi criando opiniões e conceitos diferentes acerca de mim, que depressa se via obrigado a alterá-los, porque na realidade, eu não me encaixo em nenhuma caixinha. Nenhum de nós encaixa. Todos temos demasiadas camadas, demasiadas facetas, para que sejamos catalogados com mais de 70% de segurança, numa só. O resultado é que passamos a vida a ser aquilo que não somos. As pessoas olham para o que escrevo e acham que eu sou uma pessoa cautelosa, que programa tudo ao mínimo detalhe, que gosta de rotinas, quando na realidade, apesar de eu apreciar todas essas características, elas não me pertencem. Até gostaria de ser possuidora de algumas, mas não sou. Eu até posso planear com antecedência, mas sempre que o faço, as coisas não correm como defini e não existe nada que me dê maior prazer do que sair da rotina e dizer o que me vai na cabeça, sem pensar nas consequências.

Mas isto são apenas pormenores de personalidade, mas e quando é mais do que isso?

Hoje conheci um Chinês, que não o é. Existe um restaurante buffet chinês com sushi, onde comecei a ir almoçar e um dos empregados, sempre falou comigo num português impecável. Sempre achei estranho e hoje, tive oportunidade de lhe perguntar onde havia ele aprendido a falar português tão bem. Ele riu-se e disse-me: «Nem sequer sei dizer duas frases em mandarim.»

Achei estranhíssimo, mas ele ao aperceber-se disso, decidiu contar o que se passava:

« - Os meus pais fugiram da China nos anos 30, quando o Japão invadiu o nosso país. Eu não devia ter 5 anos quando cheguei a Macau e daí viemos para Portugal. Não havia chineses em Portugal na altura e os meus pais acharam que apenas deveríamos aprender português, pois com o comunismo na China e com a invasão japonesa, voltar não era opção.  Apenas os meus pais falavam mandarim, todos os meus amigos eram portugueses, os meus vizinhos eram portugueses, estudava na escola portuguesa e o meu pai morreu quando tinha 10 anos. Nunca cheguei a aprender a falar mandarim. Casei-me com uma portuguesa e tenho uma família tradicional portuguesa, com todos os vossos costumes e hábitos, até sou católico. De chinês apenas tenho a minha cara.»

Percebem o meu ponto de vista?

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