Sentaram-se os três à mesa e esperaram ser servidos. Ela respirou fundo, procurando alguma calma e paz de espírito. Atirou com a comida para cima de cada uma das marmitas e aguardou, sentada numa rocha, que eles acabassem de devorar, o que havia cozinhado. Não sentia fome, no seu estômago estava apenas um nó. Ele observava-a constantemente. Ela já nem ligava. Quando se apercebeu que tinham acabado com tudo o que estava na panela, foi retirar a loiça para lavá-la. Ele sorria candidamente, de uma ou outra piada que os outros diziam.
Ele tinha uma aura de menino de ouro. Não lhe parecia assim tão velho, agora. Era até bem novo, para quem já ocupava uma posição de oficial. Tinha a certeza que ele não tinha mais de vinte e cinco anos e era, pelo menos, capitão. Ela não sabe como, mas apercebia-se sempre dessas coisas. Quando voltou para buscar a panela, o soldado mais velho sentou-a no seu colo e recomeçou com as brejeirices, que já tinha proferido, na noite anterior. Ela protestou, esbracejou e debateu-se. Ela bem procurava os olhos do seu raptor, mas ele não se apercebia do que se estava a passar, apenas prestava atenção a um som, que só ele ouvia. Num berro, manda-os calar. Eles obedeceram de imediato, deixando-a recompor-se. Todos aguardavam ansiosos, novas ordens.
- Eles vêm aí! Ajam com naturalidade. Eu já venho. – só passado um pouco é que ela se apercebe do que se trata, mas já era tarde de mais. Ele já lhe tinha tapado a boca, com as suas enormes mãos e arrastava-a para dentro da tenda. Ele olha-a por uns instantes e liberta a boca dela, os segundos suficientes para a poder beijar. Amordaça-a logo em seguida. Ela larga, finalmente uma lágrima. Ele deita-a gentilmente na cama em que ambos dormiram e amarra-a. – Quem me dera que não fosse preciso fazer isto! – confessa-lhe. Ela engole o choro quando ouve a voz do seu namorado secreto e o seu corpito estremece. Implora-lhe com os olhos, para que a deixe ir, mas ela não sabe, que ele já não o pode fazer. Mesmo que quisesse, agora já era tarde. Ele já a amava. Ela era demasiado nova para ter consciência disso. Estava determinado a conquistá-la. Ele iria tê-la, mas iria ser ela quem o iria permitir. Aquele papel de violador, a que ele se impusera a si próprio, na noite anterior, não se iria repetir. Pelo menos, assim ele o planeava. Seria muito mais fácil, se ela passasse a ser sua amante. Ele espera um pouco com ela, dentro da tenda e ouve, atento, o que se passa lá fora.
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