terça-feira, 8 de abril de 2008

Estou com alguma dificuldade em simpatizar com os pedidos de boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim e não me acusem de não simpatizar com a Causa Tibetana, da qual sou acérrima defensora.
Para começar, nunca percebi a necessidade de actos negativistas tendo em vista um resultado positivo. Para mim os meios são tão ou mais importantes que os fins. Sim a Martin Luther King, Não às Panteras Negras. Sim à Paz, Não à Luta Contra a Fome; à Guerra. Se o objecto é a paz e a abundância, porquê caminhar pela guerra, lutas, violência e privação? Tenho dificuldade em simpatizar com o boicote ao Jogos Olímpicos, apenas porque é boicotar algo positivo. Como posso eu estar de acordo com isso? Os Jogos Olímpicos, para além de festival religioso da Grécia Antiga, foram também criados para criar um período de tréguas na guerra (Paz, mesmo que temporária), onde as diversas Cidades Estado, mostravam as suas capacidades atléticas, trazendo, de forma sã, orgulho e prestígio à sua nacionalidade, em clima de paz e harmonia. Sou daquelas tontas que chora quando vê as cerimónias de abertura dos Jogos. Cinco Continentes unidos numa mítica Pangeia, com um único objectivo, isento de politiquice, idiossincrasias, ideologias, religiões. É uma alegoria que me emociona, que me faz vibrar. O próprio símbolo de cinco continente unidos num só, é per si, motivo para ser sempre a favor dos Jogos Olímpicos. Como posso eu menosprezar o maior país do continente asiático, se ele é uma das argolas? Posso, isso sim, condenar a sua política, a falta de respeito pelos direitos humanos, pela invasão do Tibete, da falta de liberdade religiosa e cultural, mas não lhe posso negar o direito a pertencer ao Mundo, a um continente e como tal, o pleno direito de organizar os Jogos Olímpicos deste ano. Estaria a menosprezar uma coisa boa em prol de outra, igualmente boa, e logo, uma anularia a outra. A defesa do Tibete, dos direitos humanos, da liberdade religiosa e cultural, não podem ter por base um caminho negativo, mas sim iluminado. Como posso continuar a defender um boicote a uma coisa boa, quando provavelmente, estou a utilizar um computador que tem mais de 50% de componentes "Made in China", quando ainda ontem comprei uma calças de marca, supostamente francesa, mas cuja etiqueta dizia "Made in China"? Que moral temos nós? Que moral tem o Mundo? É engraçado verificar que alguns dos manifestantes das imagens que nos chegam, vestem camisas de Che Guevara. Que moral têm eles de condenar uma coisa boa, apenas porque é oferecida por alguém "mau"? Com um bocado de sorte as etiquetas da t-shirt, dos ténis e dos jeans, também dizem "Made in China", mas ali estão eles em defesa de um povo oprimido, elogiando outro ideal, igualmente opressor. Em forma de conclusão, apenas digo que sou pelo ideal dos Jogos Olímpicos e esses são superiores aos seus organizadores. Apoiar os Jogos Olímpicos de Pequim, são uma forma de defender a liberdade religiosa e cultural. É uma forma de obrigar a China a ver o outro lado da moeda.

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