quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fui hoje acordada por esta notícia e logo, logo, lembrei-me da voz da minha avó a gritar, “Oh da Guarda, Oh da Guarda! Agarrem que é gatuno!”. Numa outra fase qualquer, haveria uma Iris a bradar aos céus e a gozar com a hipocrisia do Sr., mas essa é uma Iris idealista e feliz, que vê no “Ambiente e Ar mais Puro”, batalhas dignas de esforço e dedicação. Contudo, esta outra Iris, mais crítica e cansada, acha sinceramente, que no meio de tantos actos públicos perigosos do nosso Primeiro Ministro, o de fumar num avião fretado, apenas colocou em perigo a ele e àqueles que optaram por partilhar o “crime”, sem tomarem qualquer tipo de iniciativa. (Quem me dera que sempre assim fosse!) É que: No meio de um acordo ortográfico, que coloca o meu querido Português, no papel ingrato de prostituta de luxo, oferecida como extra, numa qualquer transacção comercial e política; No meio de um país onde a inflação real, não pára de aumentar; No meio de um país onde a maioria das pessoas com ordenado mínimo, não têm condições para alugar um tecto condigno, quanto mais comprá-lo; No meio de um país, onde os jovens continuam a trabalhar sem contrato, a recibo verdes e afins; No meio de um país onde os hospitais fecham, enquanto outros, já sobrelotados, enchem-se de camas ocupadas por causas sociais; No meio de um país onde a educação é uma anedota tal, que dá títulos a quem ainda não os merece e No meio de um país onde médicos e outras profissões, supostamente bem pagas, recorrem ao Banco Alimentar; um pseudo engenheiro que por um perverso sentido de humor do universo chegou a 1º Ministro, ter fumado num avião, não me parece sequer digno de uma nota de roda pé. Mas quando não existe uma oposição decente, capaz de dar notícias que superem a importância desta, então eu desejo que o Sr. Sócrates farte-se de fumar, que fume o suficiente para que o imposto sobre o tabaco se torne auto-suficiente para a diminuição do défice e permita a baixa do imposto sobre o combustível; que fume o suficiente para provocar a si mesmo, uma qualquer deficiência respiratória, que limite o seu jogging publicitário, para que não tenha que o ver de novo de calções; que fume o suficiente para o ver ser atendido pelo nosso sistema de saúde público (como se isso alguma vez acontecesse!); que fume o suficiente para perder a voz, para que outras que tentam fazer-se ouvir, sejam finalmente audíveis e que o reinado do Sr. “Engenheiro” Sócrates, termine de vez.
Talvez seja só eu...

4 Ideia(s):

Anónimo disse...

Estava eu ontem a pensar se seria só eu que achava que no meio de todas as borradas que ele já fez, esta seria a pior?

Pelos vistos não.

Fiquei fã do seu blog... vou voltar.

Parabéns.

Alexandra Damásio

Iris Restolho disse...

Pelos vistos não estamos sós.

Bem vinda, fique por cá.

Woody disse...

Muito bem escrito!
Penso que este fait diver pode funcionar como uma metáfora para a maneira de estar dos políticos: incorente, interesseira e sem escrúpulos...
Alargaria até esta metáfora a todos os portugueses.. É que acho mesmo que o mal do nosso país é as pessoas não se coibirem de fumar o seu cigarrinho... E enquanto fumamos o nosso cigarrinho...

Iris Restolho disse...

É que é mesmo pouco importante perante tudo o resto.

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