“Odeio falar ao telefone!”
Sei que nos dias que correm é quase ridículo fazer tal afirmação, mas é a mais pura das verdades. Se não fosse o facto de serem tão úteis em casos de necessidade, nem teria um, nem fixo nem móvel, simplesmente não teria.
Sempre admirei as pessoas que falam ao telefone durante horas a fio, que conversam sobre tudo e sobre nada, que contam as novidades da vizinhança, que relatam cada segundo do seu dia, incluindo quantas vezes foram à casa de banho, sobre o episodio da telenovela da TVI, na noite anterior, sobre a telenovela da SIC e do filme que viram no Domingo à tarde.
Sempre admirei as pessoas que ficam horas a namorar ao telefone: “Meu amor, isto!”; “Meu amor, aquilo!”; “Beijinho, para aqui”; “Beijinho para lá”; “Amo-te muito, meu amor!” (algo que é, aliás, um pleonasmo) e enquanto isto, estão a comer, a ver televisão; em voz alta com os amigos; no quarto de banho; a limparem o nariz; a jogarem consola.
Não quero com isto dizer que não gosto de falar, antes pelo contrário, adoro uma boa conversa, estar horas com os amigos e falar sobre tudo e mais alguma coisa, mas ao vivo e a cores, em carne e osso, onde podemos ver e sentir a reacção de cada um ao que se está a falar, onde existe movimento corporal, onde os olhos falam tanto, ou mais, que a boca, os lábios e a língua.
Até mesmo algo escrito tem para mim mais valor que um telefonema. ao menos, o acto de escrever implica uma acção em vários actos: primeiro sente-se; depois raciocina-se; codifica-se em linguagem e depois, sem fazer uma segunda coisa simultânea, pois escrever implica concentração, escreve-se, passa-se para o papel, para o pc, ou até mesmo para o odioso “Smal Message Service”.
O Telefone por sua vez deve ser algo a ser usado em caso de urgência, em comunicações curtas e pontuais. Pequenas combinações, para marcações, ou desmarcações, ou para a típica pergunta, talvez a que melhor caracteriza os nossos tempos:
- Aonde é que estás?!
Que é geralmente seguido com o:
- Deixa estar que já te estou a ver!
Que se segue, por sua vez, com o típico desligar do telemóvel na cara.
6 Ideia(s):
E assim de repente, deixei de me sentir tão estranho.. porque é exactamente assim que eu penso.
De todos os meus conhecidos fui o ultimo a ter telemóvel... é de serviço, e até hoje, ainda não tenho um pessoal.
Jorge
Jore,
Também eu pensava que remava sozinha contra a maré, pelos vistos há mais gente no meu barco...
Abraço,
Iris
Olá..
Os telemoveis sao muito uteis, mas quando utilizados de maneira razoável... Agora existem tipos que ate metem "impressao" sempre com o telemovel encostado ao ouvido!
Abraço ;)
José,
Ora nem mais!
Abraço,
eu tbém odeio falar ao telefone, sempre achei que fosse um problema só meu, mas agora me reconforto lendo esse post. Exatamente assim q me sinto...abs . Rafael
Falei pra minha namorada que não gosto da palavra namorar pelo tlm.
Julgo que não faz muito sentido o termo Namorar.
Depois não gosto de ser constantemente chamado pelo tlm ouvindo sempre as mesmas coisas tipo: Estas bem, já lanchaste, já tomaste a medicação, adoro-te, vamos namorar etc.
Sei que se torna difícil manter um namoro quando hesite distância mas quando se Ama de verdade não precisamos estar sempre grudados no tlm, chega uma vez ou duas por dia...
Acho que chegamos até a ficar sem motivo de conversa por repetir tantas SMS ou telefonemas.
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