Sei que muitos já viram a reportagem da SIC no passado Domingo (e que podem encontrar aqui) e muitos já leram sobre este assunto na blogosfera, que muito ajuizadamente, foi fazendo a sua crítica ao que viram.
Algo tornou-se notório: os pais não compreendem como é que existem crianças pré-adolescentes que saem à noite e que chegam depois da meia noite. Aonde arranjam os miúdos o dinheiro para as bebedeiras? Pronto está bem, eles recebem mesada que podem poupar, não almoçando um dia e não comprando o livro para o qual pediram mais 20€. Mas como saem eles de casa? Como ficam eles fora de casa até de madrugada sem que sofram qualquer consequência desse acto?!
Apenas acontece porque os pais o permitem, porque numa sociedade despegada dos laços familiares, é mais fácil permitir a liberdade dos putos, em troca de mais uma noite com o novo namorado, ou um jantar com os amigos.
Não sei se repararam numa parte da reportagem, onde eles dizem que os miúdos apanhados faziam parte de famílias abastadas. Claro! Os mais pobres não têm dinheiro para sair quanto mais para deixar os miúdos perderem-se daquele modo! Agora pergunto: Os pais mais abastados acham que é moderno este tipo de educação? Deixá-los libertos e sem barreiras em troca de terem mais tempo próprio, em vez de tempo de família e para dizerem que têm filhos muito adultos e emancipados que tomam conta deles sozinhos??!
Reparem, como já disse numa outra mensagem neste blog, eu sou contra a infantilização dos jovens e acho que existem formas de os tornarem mais donos de si mesmo, mais adultos, mas com toda a certeza que não é deixando-os sair para se embebedarem com os amigos nas noites das diversas cidades.
Acho engraçado que miúdas de 13 anos, como as entrevistadas no início da reportagem, estejam para ali a beber sozinhas perdidas na noite e se for preciso não sabem como é que se faz uma torrada, ou uma panela de arroz. Provavelmente a maioria dos putos apanhados naquela reportagem, não fazem ideia de como é que se muda uma lâmpada ou um pneu, ou sequer como é que se acende uma fogueira, mas estão para ali, armados aos píncaros, super contentes numa alegria embriagada que alimenta uma ilusão de que são adultos e capazes, quando, na realidade, se de um dia para o outro só contassem com eles mesmos, morreriam à fome, de frio, e de estupidez.
Prefiro educar um "Betinho", que no caso de uma guerra, um holocausto, ou de me acontecer alguma coisa, saiba como sobreviver, estar e refazer a sua vida, do que educar um inútil estúpido, incapaz e mente capto, como os que foram entrevistados naquela peça e que vejo pelas vielas das ruas, cada vez que saio à noite. Mesmo que isso signifique ter de sair menos, ter menos tempo para mim. Isso é ser pai, isso é ser educador. Passar os conhecimentos que adquirimos ao longo de uma vida ao nosso rebento, até mesmo o acto de beber. Beber socialmente, beber para uma recriação, beber por um prazer educado do paladar.
Percebam mais uma vez; eu não tenho nada contra o álcool. Sou a primeira a apreciar um copo de vinho às refeições, um Martini para aperitivo e de amar uma Queimada Galega numa noite fria de Inverno, de beber ponche quente, quando estou constipada, ou apreciar um bom vinho licoroso com, ou depois do café no fim de uma refeição, beber um vodka numa noite especial, beber uma cerveja gelada no Verão numa explanada. Mas eu sou adulta, aprendi a apreciar os diversos sabores e mais do que o sabor, ou o efeito secundário da sua ingestão, saber apreciar o momento em si e não a bebida.
Sair à noite, só depois de ter começado a namorar, com o conhecimento dos meus pais aos 15 anos e mesmo nessa altura, porque podia entrar nos bares sem me pedirem identificação porque parecia ter 18 anos, bebia um vodka com laranja, ou limão que durava toda a noite! Mas note-se, à meia noite tinha de estar em casa e verdade seja dita, não havia nada que eu pudesse fazer depois da meia noite, que não pudesse fazer antes das doze badaladas.
Mas desta forma a minha mãe dormia descansada e podia voltar a sair na semana seguinte.
Aprendi com os meus pais a beber socialmente, a beber um copo de vinho às refeições, um aperitivo antes, e em noites de festa bebo até que me rio de coisas parvas... acabou. Ainda estou a ver tudo, dou conta da profundidade, não tropeço, não enrolo a língua, apenas fico mais desinibida... é tudo e não passo disso.
Apanhei uma bebedeira quando tinha 8 anos, pois a minha mãe usava anis para bolos e pudins e eu gostava do cheiro. Um dia cheguei ao carro das bebidas, cheirei e bebi...era doce, sabia a xarope para a tosse e a rebuçados, não faço ideia quanto é que bebi, mas fiquei mal disposta e comecei a vomitar. A minha mãe nunca mais deixou as bebidas desprotegidas até termos 13 anos.
Passei muitas noites na minha adolescência longe de casa, fora da minha caminha quente, mas era porque ia acampar... com os escuteiros.
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