Ela apenas olhou para ele. Agora não tinha dúvidas, os seus olhos eram verdes. Eram olhos de gato, inesperadamente meigos. – Não me obrigues a usar a força. Eu odeio bater em mulheres. Faz-me o favor; não me obrigues a fazê-lo. – era verdade, ele não odiava a violência, ele até gostava dela, usava-a para se excitar e activar a adrenalina no seu corpo, tinha sido treinado assim, mas odiava bater em mulheres, ou em pessoas que ele sabia de antemão, que eram mais fracas que ele. Ele via em todas as mulheres, futuras mães, futuras progenitoras e só o facto de ter que profanar um corpo que tem por fim esse objectivo divino, enojava-o. Ele amara muito a sua mãe e ainda amava muito a sua irmã. No entanto, ele usaria toda a sua força e não hesitaria um único segundo, se disso dependesse o cumprimento da sua missão.
- Pode ser que eu o faça. – tomou de novo a conversa nas suas mãos – Mas primeiro preciso de uma ou duas respostas. – ele riu-se divertido com a tamanha presunção da sua pequena refém.
- Isto deve ser divertido! Diz lá! Dispara.
- Porquê eu? Nada sei da vossa missão, nada vi, de nada vos sirvo, pelo menos nada que uma prostituta qualquer de beira de estrada não pudesse fazer muito melhor que eu. – o seu tom era firme, seguro, mas ao mesmo tempo, suave, quase arriscava afirmar, que repleto de uma sensualidade maternal. Ela conhecia o temperamento volátil do seu parceiro e não queria que a sua voz, fosse provocadora da sua ira. Ela receava que qualquer alteração, fizesse despoletar toda a violência que ela sentia-o conter.
- Tu nada sabes da nossa missão e nunca o irás saber. Pelo menos até ser necessário que tu entres em acção. Apenas te direi o que eu achar necessário. O facto de aqui estares, nada tem a ver com isso. O que tu sabes ou não, não me interessa. – disse inesperadamente calmo e cooperativo. – Posso adiantar-te que vais ter um papel muito importante nesta missão.
- O que é que pretende de mim? – ele sorriu, finalmente ela começava a desesperar e isso fazia-o sentir-se mais seguro. Não respondeu e virou costas, tentando controlar o seu contentamento – Por favor, apenas quero saber, porque é que eu estou aqui!
- E porquê? – pergunta-lhe arrogantemente – Achas que isso vai aliviar o medo que sentes? A dor que irás sentir? – ela tentou controlar-se. Os seus corpos estavam de novo, muito perto um do outro e isso deixava-a enfraquecida, talvez pelo cheiro, ela não sabia.
- Não lhe quero impor nada! – começou com uma voz com um suave timbre infantil – Sei que não estou em posição de fazer exigências, eu sei qual é o meu lugar. Apenas preciso saber o que pretende de mim, para que eu possa decidir o que fazer. Não sei porquê, apenas preciso de saber. – quase soltou uma lágrima.
- Não te adianta de nada! – concluiu.
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